sábado, 29 de dezembro de 2012

Nunca mais

Às vezes tenho a nítida sensação de que chego sempre «atrasada» para as coisas, mas de alguma forma esse tempo é o meu tempo, e por isso deve estar certo. Hoje, por exemplo, li pela primeira vez Banho de mar, uma crônica de Clarice Lispector, ela ainda criança indo aos banhos de mar em Olinda, com a família, onde assistiam ao nascer do sol. Eis umas «frases-versos»: "Eu nunca fui tão feliz quanto naquelas temporadas de banhos em Olinda, Recife."/"Como explicar o que eu sentia de presente inaudito em sair de casa de madrugada e pegar o bonde vazio que nos levaria para Olinda ainda na escuridão? De noite eu ia dormir, mas o coração se mantinha acordado, em expectativa."/"A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade? Como sentir com a frescura da inocência o sol vermelho se levantar? Nunca mais? Nunca mais. Nunca."

In: Conversa de burros, banhos de mar e outras crónicas exemplares, Edições Cotovia, Lisboa, 2006

domingo, 25 de novembro de 2012

"The daily routine of famous writers"

tirado do Brain Pickings: ver AQUI
«(...) o que existe, acima de tudo, é uma certa necessidade de expressão, que é muito misteriosa. Porque é que se experimenta essa necessidade, não sei, mas há situações e reflexões que pedem para ser escritas e ditas, inexplicavelmente.»

– palavras de M. Yourcenar em entrevista a Matthieu Galey em De Olhos Abertos)

de novo e sempre Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa

"MANUELZÃO E MIGUILIM
(resenha [de Alfredo Monte] publicada originalmente em A TRIBUNA de Santos, em 04 de fevereiro de 2006)

Guimarães Rosa publicou suas duas principais obras, Corpo de Baile Grande Sertão: Veredas em 1956. A primeira delas apareceu em janeiro e mesmo quem já apreciara Sagarana (1946) ficou impactado. Até há pouco tempo, os sete textos que a compõem encontravam-se divididos em 3 volumes (uma edição especial da Nova Fronteira restaurou a ordem original). Neste artigo, falaremos de um deles, Manuelzão e Miguilim.
   Miguilim é o protagonista de Campo Geral, certamente  o texto mais famoso de Guimarães Rosa, depois de Grande Sertão e de  “A Terceira Margem do Rio”. E embora haja várias narrativas incríveis evocando o mundo da infância (a primeira parte de Em Busca do Tempo Perdido, de Proust, A Harpa de Ervas, de Truman Capote, por exemplo), é provável que nenhuma seja tão inesquecível quanto a história do menininho que vive “em ponto remoto, no Mutúm”. Hiper-sensível, míope (até que lhe coloquem óculos), ligadíssimo na mãe e no irmãozinho Dito (cuja morte é o centro dramático do texto), com um pai ignorante, violento e desconfiado, Miguilim faz com que participemos da sua “descoberta do mundo” de uma forma que nos devolve nosso próprio sentimento de infância. É uma ótima iniciação para quem quiser conhecer pela primeira vez o universo do nosso maior escritor pós-Machado.
 A beleza emocionante de Campo Geral sempre eclipsou injustamente o outro texto desse volume de Corpo de BaileUma Estória de Amor (Festa de Manuelzão), uma obra-prima. Seu protagonista é o encarregado da  fazenda Samarra, o qual, finalmente estabelecido na vida, resolve inaugurar uma capelinha nas terras do seu patrão (o pessoal da região, entretanto, vê em Manuelzão a encarnação da autoridade) e, por conta disso, suspender a labuta da vida numa grande festa: 'Amanhã é que ia ser mesmo a festa, a missa, o todo do povo, o dia inteiro. Dião de dia!' " (continua AQUI)


Continuação do estudo, agora sobre Tutaméia

terça-feira, 20 de novembro de 2012

acasos e encontros

Adicionei hoje, à lista de blogues de interesse, o Monte de Leituras, de Alfredo Monte, professor-doutor em literatura pela USP, leitor voraz e crítico atento. E quem me fez encontrá-lo nesse espaço quase "infinito" da internet foi Marguerite Yourcenar – tentava eu um modo de baixar algum dos seus livros, diante da dificuldade de encontrar uma edição portuguesa recente. (Tenho ainda de procurar nos alfarrabistas.)

Ultrapassada pelo tempo e pelas inúmeras oportunidades de ler Memórias de Adriano ou A Obra ao Negro ou outro dos seus belos textos, deixei passar a chance de entrar em contato com a sua narrativa poderosa. Mas não completamente. O acaso tem tido um papel essencial nesses meus encontros tardios, como é o caso também de Thomas Mann...
O acaso é sábio.

Mas como cheguei até Yourcenar? Se por um lado não me interessam lá muito as biografias, por outro não resisto a pelo menos folhear as páginas de uma entrevista bem feita, em que o entrevistado – e em particular quando se trata de um escritor – tenha o espaço necessário para falar da sua criação, de todo o seu processo, das suas escolhas, dos porquês... Tenho um pouco esse espírito de investigação (ou será de coscuvilhice...?). E foi assim que comprei e estou a ler De Olhos Abertosconversas com Matthieu Galey.
Muitas vezes encontro esse modo de entrar no universo de um autor, de ser apresentada à sua obra: vou "rodeando" até chegar lá. Mas muitas vezes isso acontece por mero acaso, ou por mãos de outro autor que me conduz até ele, como foi o caso de Robert Dessaix que me apresentou  Turguénev... (mas esta é outra conversa).



Já não me lembro o que me levou a comprar De Olhos Abertos, mas algo aconteceu e me despertou. E como se não bastasse ser apresentada a Adriano e a Zenão – e às suas respectivas vidas –  pelos comentários da própria autora (pois agora, seduzida, ando à procura dos seus títulos), deu-se novo encontro: Thomas Mann. Yourcenar dedicou um capítulo do seu A Benefício de Inventário a Thomas Mann, que ela comenta na entrevista, sem idolatrias. Acontece que também estou a ler A Montanha Mágica, e tudo como que se completa, e se compõe no sentido mais acertado, e desejado (sem que eu soubesse).

Voltando ao blogue de Alfredo Monte, fui lá parar quando buscava os livros de Yourcenar; e lá encontrei, classificado como "o meu autor favorito", Thomas Mann, cujos livros são fartamente comentados.
Como se não bastasse, os posts estão recheados de fotos das capas de diversas edições.



A quem tiver lido até ao fim esta minha experiência de leitora, recomendo não só os livros citados (caso já não os tenha lido), como também uma espiadela no blogue Monte de Leituras.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Bonde da leitura


«Essa é uma iniciativa bacana de Curitiba. O Bondinho da Leitura fica no calçadão da R. XV de Novembro. O bonde está nesse local desde 1973, para atender às crianças, enquanto seus pais faziam compras na região, mas só foi transformado em biblioteca em 20 de novembro de 2010. Funciona de segunda a sábado. São emprestados até 2 livros por vez, gratuitamente, basta apresentar documento de identidade.» (do blogue NacoZinha)

domingo, 4 de novembro de 2012

Writers are not just people who sit down and write. They hazard themselves. Every time you compose a book your composition of yourself is at stake.

E.L. Doctorow

as revistas literárias brasileiras mais influentes

Convite para o lançamento do Álbum com 182 títulos catalogados das revistas literárias brasileiras que marcaram a nossa vida literária durante o século XX.

sábado, 3 de novembro de 2012

Mercado editorial brasileiro e outros




Mercado editorial segue em plena reoxigenação (por Michelle Strzoda, no Facebook: http://facebook.com/michelle.strzoda

"Desde 2011, mudanças no mercado editorial brasileiro têm se anunciado mais frequentes. A maré de mudança não se restringiu ao Brasil, já acontecia em âmbito mundial.

Forçados a se reinventar
pelas duas seguidas crises econômicas mundiais e pelas mudanças apresentadas em função do novo cenário digital, grupos editoriais, editoras pequenas e médias, diretores editoriais, editores e profissionais do livro mudaram de empresas ou investiram na criação de seu próprio negócio, com perfis diferenciados. A plataforma editorial segue em expansão, aquecida, e o mercado de livros brasileiro é visto com interesse e atenção pelos grupos e agentes mundo afora.

Fruto da fusão dos megagrupos editoriais Penguin e Randon House, maior gigante editorial do mundo se apresenta esta semana. O novo conglomerado se chama Penguin Randon House.

Mercado brasileiro já anuncia mudanças de gestão editorial. A Companhia das Letras, braço da Penguin no Brasil, já divulgou mudança gradual em sua equipe de editores, a começar em dezembro de 2012.
Segundo a reportagem de André Miranda em O Globo hoje, Maria Emília Bender e Marta Garcia já têm data para deixar a Companhia das Letras.
Ambas são grandes editoras. Com experiência de mais de duas décadas de mercado - Maria Emília desde a época da Brasiliense e primórdios da Companhia das Letras, com Luiz Schwarcz -, foram responsáveis por grandes lançamentos da Companhia, uma das mais conceituadas casas editoriais brasileiras.
Boa parte do time de editores do grupo agora deverá responder a Otávio Marques da Costa, que manterá mais outros editores, entre eles Matinas Suzuki em outros selos, paralelamente."

No link abaixo, matéria da Deutsche Welle sobre a fusão:
http://www.dw.de/fusão-entre-penguin-e-random-house-cria-maior-grupo-editorial-do-planeta/a-16340191

A vida nas editoras

Revisores, editores e demais trabalhadores do ramo, vejam isto: A vida nas editoras


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

fidelidade ao lirismo

Do blogue da Cosac Naify (link), um texto de Manuel Bandeira, de 1930, no jornal A Província, sobre o ainda quase desconhecido Carlos Drummond de Andrade:

Um poeta mineiro de rara sensibilidade
Por Manuel Bandeira 

Não sei se o nome de Carlos Drummond de Andrade é conhecido em Pernambuco fora do pequeno círculo de pessoas que se interessam pela poesia modernista. Quero acreditar que não. Sem livro até agora, o seu nome não aparecera senão nas revistinhas efêmeras de vanguarda, que não chegam ao conhecimento do grande público. Aos pernambucanos que se tenham interessado pelo número mineiro do O Jornal por causa dos admiráveis desenhos do meu xará, não terá escapado o belo poema de Carlos Drummond inspirado na tradicional romaria de Congonhas do Campo.
O poeta é mineiro e deve andar pelos trinta anos. Antes da renovação modernista fizera versos medidos e rimados, creio que naquela cor desmaiada de Samain que aqui chamaram penumbrista. Quando os rapazes de São Paulo começaram a batalha, o senhor Carlos Drummond de Andrade escreveu na imprensa de Belo Horizonte uma série de artigos sobre as figuras principais daquele movimento. Mais tarde, com João Alphonsus, Pedro Nava, Martins de Almeida, Emílio Moura e outros editou A Revista, de que só apareceram três números. Mas desde então o nome de Carlos Drummond de Andrade era caro a todos que se ocupavam de poesia no Brasil.
Em Drummond a perfeição técnica não resulta do gosto e trabalho do artista, mas da fidelidade do poeta ao movimento lírico da sensibilidade.
Agora o poeta comparece em livro. E esse livro nos revela, logo ao primeiro exame, um dos mais puros e belos da nossa poesia. Não pode haver dúvida: Carlos Drummond de Andrade é um dos grandes poetas do Brasil. Grande pelo fundo de sensibilidade e lirismo como grande pela técnica impecável de seus poemas. Aliás esses dois aspectos são inseparáveis nos versos de Alguma poesia (assim se intitula o seu livro). Em Carlos Drummond de Andrade a perfeição técnica não resulta, como em Guilherme de Almeida, do gosto e trabalho do artista, mas da fidelidade do poeta ao movimento lírico da sensibilidade. Daí a frescura desse lirismo que sabe à fruta comida ao pé da árvore. Na expressão esse poeta é sempre simples, natural, quotidiano. Vê-se como ele vive, meio amolado com aquele anjo torto que lhe disse quando ele nasceu: “Carlos, vai ser goche na vida”. Fala pouco e não diz, pelo menos intencionalmente, nada que possa parecer sublime. Antes tem ele um senso de humor sempre vigilante e pronto a cortar as asas a tudo que possa indicar alguma atitude menos desabusada. Os seus maiores entusiasmos se exprimem como nos deliciosos versos da “Lagoa”:

Eu não vi o mar.
Não sei se o mar é bonito,
não sei se ele é bravo.
O mar não me importa.
Eu vi a lagoa.
A lagoa, sim.
A lagoa é grande
e calma também.
Na chuva de cores
da tarde que explode
a lagoa brilha
a lagoa se pinta
de todas as cores.
Eu não vi o mar,
Eu vi a lagoa…

Carlos Drummond de Andrade aborrece as “atitudes inefáveis”, “os inexprimíveis delíquios”, os “êxtases, espasmos, beatitudes”, tão do gosto daquele sujeito gozado da “Fuga”: “Povo feio, moreno, bruto”, diz o tal. “Vou perder-me nas mil orgias/ do pensa- mento greco-latino”.

Vai para a Europa.
Enquanto os bárbaros sem barbas
sob o Cruzeiro do Sul
se entregam perdidamente
sem anatólios nem capitólios
aos deboches americanos

O lirismo é uma coisa perigosa. Faz a gente dizer bestidades, extravagâncias, sentimentalonidades. O pior são os lugares-comuns [...] em que o desgraçado poetinha parece querer virar gênio. Com o senhor Carlos Drummond de Andrade não se corre nunca esse risco. Ninguém pensa em águias. Também não se pensa em cisnes. Aqui haverá talvez vôo versátil, graça inteligente de andorinha. Vejam se está certo:

Quero me casar
na noite, na rua,
no mar ou no céu
quero me casar.
Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho.
Depressa, que o amor
não pode esperar!

Que poema brilhantíssimo não faria o senhor Martins Fontes ou o senhor Luís Carlos, que doce e fidalgo poema não arquitetaria o senhor Olegário Mariano com esse tema do Amor através das Idades! É de ver como o mineiro Carlos Drummond de Andrade se imaginou com a namorada; grego, romano, pirata mouro, corte- são de Versalhes e moço moderno. A poesia é longa demais para estas colunas, mas um episódio apenas:

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Talvez fosse preciso ter sangue mineiro, ter vivido longamente nas “cidadezinhas quaisquer” de Minas, para, com ser poeta de rara sensibilidade e, não esquecer, inteligentíssimo, exprimir-se assim com tanta graça natural. Me parece que por Minas se pode e se deve explicar esse senso de humor, tão raro em nossos poetas, e no entanto comum nos mineiros que não são poetas. Ou nos poetas mineiros quando não se acham em estado de transe…
A Província, 25 de maio de 1930


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Escrever é...



«Escrever é tentar saber o que escreveríamos se escrevêssemos.» - Vila-Matas citando Marguerite Yourcenar

«Decidir escrever é penetrar num espaço perigoso, porque se entra num túnel escuro sem fim, porque jamais e chega à satisfação plena, nunca se chega a escrever a obra perfeita ou genial, e isso causa a maior das mágoas. Aprende-se melhor a morrer do que a escrever. E ser-se (…) escritor, quando já se sabe escrever, é converter-se num estranho, num estrangeiro: tens de começar a traduzir-te a ti mesmo. Escrever é fazer-se passar por outro, escrever é deixar de ser escritor ou de quereres parecer-te a Mastroianni para simplesmente escrever, escrever o que simplesmente escreverias se escrevesses.»

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

FIM - fim de semana do livro no porto do Rio





O FIM {Fim de Semana do Livro no Porto} é uma festa do livro no Morro da Conceição, na região portuária do Rio, que incentivará a leitura em todos os formatos disponíveis e compartilhará, em sua primeira edição, nossa riqueza cultural, literária e histórica. Nos basearemos na tríade: livros, digital e a cidade, conversando sobre o passado e o futuro dos livros e do Rio de Janeiro.

Saber mais AQUI

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

notícias sobre a FLIP 2013

Recebi hoje por e-mail a notícia que veio também no blogue da Festa Literária Internacional de Paraty sobre a FLIP 2013, em que o homenageado será o admirável escritor Graciliano Ramos.

 











Então recortei e trouxe para cá o que recebi:



O mesmo blogue traz a lista dos escritores homenageados nas edições anteriores da Flip: Vinicius de Moraes (2003), Guimarães Rosa (2004), Clarice Lispector (2005), Jorge Amado (2006), Nelson Rodrigues (2007), Machado de Assis (2008), Manuel Bandeira (2009), Gilberto Freyre (2010), Oswald de Andrade (2011) e Carlos Drummond de Andrade (2012).

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Primavera dos Livros

 
 
A Primavera dos Livros é a principal vitrine para a exposição da produção das editoras independentes da América Latina. Idealizada pelas próprias editoras, a primeira edição da Primavera dos Livros ocorreu em 2001, no Rio de Janeiro.

O sucesso do evento e a importância desse mercado deram origem, em 2002, à Liga Brasileira de Editoras
(LIBRE), rede independente que trabalha cooperativamente em busca de reflexão e da ação para a ampliação do público leitor, do fortalecimento das empresas editoriais independentes, e da criação de políticas públicas em favor do livro e da leitura. Desde então, a LIBRE, que atualmente reúne mais de 100 editoras de vários pontos do Brasil, promove e realiza o evento, anualmente, no eixo Rio-São Paulo. 


 No Rio, começou ontem a 12ª. edição, que celebra o Rio de Janeiro como patrimônio e plataforma cultural do país. A feira literária apresenta a produção de 100 editoras com mais 10 mil títulos com descontos de até 50%.

 jardins do Museu do Catete, onde ocorre a Feira

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

"o livro está mais vivo do que nunca" (Robert Darnton)


«Aos 73 anos, o escritor, historiador e presidente da biblioteca de Harvard, Robert Darnton, se vê com um novo desafio nas mãos: criar uma gigantesca biblioteca digital no Estados Unidos aberta para todo o mundo.

Na era em que a tecnologia não é mais uma novidade, mas uma facilitação do cotidiano de pessoas de todo o mundo, o livro passa a ter um novo formato; o digital. Nos últimos anos muitos rumores a respeito da extinção do impresso surgem, mas Darnton afirma com precisão que o livro está mais vivo do que nunca. “Os números de publicações estão crescendo”, afirma o pesquisador. “Eu leio livros impressos, prefiro esse tipo. Mas acredito nos livros digitais. O livro não está morto. As pessoas adoram o livro impresso, mas isso não exclui o digital”.

O historiador, que dirige a maior biblioteca universitária do mundo, não recusa o fato de que a tecnologia facilita a vida das pessoas, democratizando também a informação. Mas ele alerta que tudo o que envolve tecnologia conta com empresas que visam lucros: “As grandes empresas poderiam monopolizar por quererem ganhar mais dinheiro”.

O Google, na opinião de Darnton, mostrou a possibilidade dos arquivos digitais para as universidades. E o historiador agora tenta, com ajuda financeiras de fundações privadas, criar a maior biblioteca digital do mundo. “Nós temos a internet e podemos acontecer, e faremos”.

Um dos problemas que Darnton tem enfrentado em sua caminhada ruma ao digital é a monopolização de editoras especializadas. “As editoras controlam o mercado de livros digitais e ganham muito dinheiro com isso”. Elas descobriram o potencial de publicações cientificas e cobram caro por elas. Outra questão que tem sido um problema é o direito autoral. “Maior do que o dinheiro e do que a tecnologia”, segundo Darnton.
Hoje, a biblioteca de Harvard conta com 17 milhões de volumes em 350 línguas. A intenção do presidente é fazer o mesmo com a versão digitalizada, tornando o acesso à informação algo mais acessível a qualquer pessoa. Para esse projeto, Darnton diz que conta com 100 milhões de dólares. “Podemos fazer isso graças às fundações. Elas foram criadas por empresas que ganham muito dinheiro, mas possuem total autonomia”.
Apresentado pelo jornalista Mario Sergio Conti, o Roda Viva contou com os entrevistadores: Beatriz Kushnir (doutora em História pela Unicamp e diretora do arquivo geral da cidade do Rio de Janeiro); Paulo Werneck (editor do caderno Ilustríssima, do jornal Folha de S. Paulo), Lilia Schwarcz (historiadora e antropóloga, professora titular de Antropologia da USP); e Cassiano Elek Machado (jornalista e editor).»

Fonte desta página publicada: TV CULTURA

domingo, 16 de setembro de 2012

Ciclo de Conferências LER

20 de setembro: Eduardo Lourenço
18 de outubro: Nuno Portas
16 de Novembro: Alexandre Quintanilha

No CCB - entrada gratuita
Mais informações em: Blog da revista LER

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

o Kaváfis de Haroldo de Campos

A Cosac Naify lança uma antologia de poemas do poeta Konstantinos Kaváfis (1863-1933), em tradução inédita de Haroldo de Campos (1929-2003)a partir do original grego. Edição bilíngue, o livro é enriquecido com textos do tradutor e do organizador do volume, Trajano Vieira, e com um poema kavafiano, também inédito, de Campos:

O deus abandona Antônio

Quando, pela meia-noite, de improviso ouvires
passar, invisível, um tíasos
com música soberba e cânticos,
a sorte que afinal te abandona, tuas obras
falidas, teus planos de vida
– tudo ilusório – com nênias vãs não lastimes.
Como um bravo que, há muito, já se preparava,
saúda essa Alexandria que te está fugindo.
Não, não te deixes burlar, dizendo: “foi sonho”,
ou: “meus ouvidos me enganaram”;
desdenha essa esperança vã.
Como um bravo que, há muito, já se preparava,
como convém a quem é digno desta pólis,
aproxima-te – não hesites – da janela
e escuta comovido, porém
sem pranto ou prece pusilânime,
como quem frui de um último prazer, os sons,
os soberbos acordes do místico tíasos:
e saúda Alexandria, enquanto a estás perdendo.












Kaváfis


 H. Campos

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Mário de Andrade

Mário de Andrade (1893-1945)



Ode ao burguês

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o èxtase fará sempre Sol!
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"–Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
–Um colar... –Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!"
Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burgês!...
 
De Paulicéia desvairada (1922)

Lembrete para a compra de um certo livro


 correspondência de Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade

[...]

Imagine a coisa mais simples, mais extraordinária, mais comum, mais sensacional, etc., etc. (Madame de Sévigné) vou casar-me em breve. Avalie agora o meu estado de espírito, fruto dos mil e um incidentes que me roubam o tempo e, com ele, a ocasião de continuar nossa conversa, para mim tão deleitosa. Um homem que vai casar é um homem à parte. Ainda hei de lhe escrever uma carta bem comprida, contando por miúdo o que tenho sentido, e que não é complicado mas também não é vulgar: um misto de inquietação, de desânimo, de alegria (alegria desenganada) e de mais uma porção de coisas. Você conhece mais ou menos meu feitio, e deve calcular a maneira como esse acontecimento impressiona minha sensibilidade. Resumindo, posso dizer que tenho sofrido um pedacinho com esse original prazer de casar. Desconfio, porém, que nisso tudo anda um pouco de literatura. Desconfio ainda de meu temperamento de exceção. Exceção é quase sempre falta de saúde física ou moral, não acha?

[...] 

Drummond em carta a Mário de Andrade de 20 de maio de 1925


CARLOS & MÁRIO
Correspondência de Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade 1924-1945.
 
Prefácios e notas de Silviano Santiago
1ª Edição: 2003
Bem-Te-Vi Produções Literárias 
 Em comemoração ao centenário de Carlos Drummond de 
Andrade, o livro Carlos & Mário. Trata-se da correspondência mantida entre 
Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade entre 1924 e 1945. A de 
Drummond é inédita, e a de Mário, aqui reeditada, foi publicada por Carlos 
nos anos 80, com apresentação e notas de sua autoria. O prefácio e as notas 
para as cartas de Drummond são de Silviano Santiago, e a organização geral do 
livro e iconografia de Lélia Coelho Frota. 320 imagens ilustram as suas 616 
páginas.

LIBRE

A Liga Brasileira de Editoras (LIBRE) é uma rede de editoras independentes, que trabalham cooperativamente, pelo fortalecimento de seus negócios, do mercado editorial e da bibliodiversidade. É uma associação de interesse público, sem fins lucrativos, filiação político-partidária, livre e independente de órgãos públicos e governamentais, constituida em 01 de agosto de 2002, de duração indeterminada, entidade máxima de representação das editoras independentes de todo o Brasil.
  
A LIBRE tem por missão preservar a bibliodiversidade no mercado editorial brasileiro por meio do fortalecimento do negócio da edição independente e constitui-se como uma rede de editores colaborativos em busca de reflexão e ação para a ampliação do público leitor, do fortalecimento das empresas editoriais independentes, e da criação de políticas públicas em favor do livro e da leitura.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

a morte do editor...

Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, comenta o tema do momento: o sefl-publishing, no blogue da Companhia das Letras:



"O tema mais discutido no momento no mercado editorial, principalmente nos Estados Unidos, é o self-publishing: as publicações digitais feitas diretamente pelos autores, sem a participação de qualquer editora. Em português, podemos chamá-las de “edições independentes”, ou “auto-edições”, numa tradução mais literal. Recentemente, o jornal inglês The Guardian divulgou que 28% dos livros da lista de mais vendidos do New York Times eram oriundos do tal self-publishing. Do jeito que a coisa vai, não tardarão as matérias sobre a “morte dos editores”, manifestações e movimentos, tipicamente americanos, por no-publishers ou algo do gênero.
Acho que o tema dá o que pensar e vale ser tratado com a maior isenção possível.
O sucesso extraordinário de livros que surgiram de auto-publicações como Cinquenta tons de cinza (traduzido e lançado no Brasil pela Intrínseca), ou Toda sua (em breve nas livrarias brasileiras pela Editora Paralela), tem agitado o mercado editorial."

Continue a ler AQUI


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Uma viagem sem fim



"Na Índia, muita gente se perde, é um país feito de propósito para isso."


O Noturno Indiano de Antonio Tabucchi é uma pérola de ritmo e concisão: sua brevidade é uma cortina de fumaça, que oscila entre a revelação e o encobrimento de suas histórias entrelaçadas. Um homem viaja à Índia em busca dos rastros de um amigo desaparecido – e, no caminho, conhece pessoas, vê lugares, experimenta a miséria e o luxo, sem jamais passar mais de uma noite no mesmo lugar. Esse protagonista de nome incerto – origem e destino desconhecidos – é portátil: viaja apenas com uma mala pequena, sempre à mão. Sua jornada está aberta aos fluxos que chegam do percurso, assim como seu corpo. Suas feições mudam, ele não tem uma nação fixa, um idioma fixo, ou qualquer tipo de pertencimento – ele está lá para narrar.


(vale a pena ler mais do texto de Kelvin Falcão Klein, no blog da Cosac Naify, sobre Tabucchi: AQUI)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

capítulo um...


delírio fotográfico entre livros

Duas das imagens criadas pelo fotógrafo espanhol Pablo Genovés:




Underground New York Public Library

The Underground New York Public Library é um site criado pela marroquina Ourit Ben-Haim radicada em Nova Iorque e que reúne suas fotos de pessoas lendo no metrô – uma das marcas da cidade.

O link pra o site: Underground New York Public Library

E algumas fotos:




Tarefas infinitas


Organizada pelo Museu Gulbenkian, em colaboração com a Biblioteca de Arte e com curadoria de Paulo Pires do Vale, a mostra "Tarefas infinitas. Quando a arte e o livro se ilimitam" pretende pensar o modo como a arte e o livro se põe mutuamente à prova. O título remete para a resposta possível: o livro e a obra de arte apresentam-se como Tarefas Infinitas desenvolvidas num horizonte aberto sem fim.

De 20 de julho a 21 de outubro na Fundação Gulbenkian

Saber mais aqui: AQUI

domingo, 5 de agosto de 2012

imagem surpreendente de Drummond


© Acervo do Ponce de Leon. Carlos Drummond de Andrade, aos 23 anos de idade. Belo Horizonte, 1925.

Vasculhando diversos arquivos fotográficos em Belo Horizonte, o fotógrafo Fernando Rabelo encontrou no acervo do jornalista Ponce de Leon este retrato inédito do poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), aos 23 anos de idade. 

No verso da foto Drummond escreveu uma dedicatória ao pai: “Ao papai, lembranças do filho Carlos. Belo Horizonte 13.10.1925.”

domingo, 29 de julho de 2012

Poesia árabe - Adonis


Espero este livro há uns sete anos.
Em 2005, fizemos na finada EntreLivros uma edição especial só sobre cultura árabe. Foi quando Michel Sleiman, autor de textos incluídos no tal volume, me contou de Adonis (pronuncia-se como oxítona), considerado por muitos o maior poeta árabe da atualidade e até então nunca traduzido por aqui.  Quer dizer, Sleiman já trazia Adonis para o português por conta própria mas uma edição desses poemas não era prevista.
Via Adonis como um dos mais cotados candidatos ao Nobel e isso só aumentava minha curiosidade –não tenho planos de aprender árabe nessa encarnação e confesso que nunca busquei edição em francês. Ano passado, dias antes de sair o prêmio para o sueco Tomas Tranströmer,  procurei Sleiman com a expectativa de que Adonis venceria e tive a notícia de que estava a caminho essa antologia da capa (...). Chegou agora às livrarias, pela Companhia das Letras.

Continuar a ler no blog de Josélia Aguiar: "Adonis, a moderna poesia árabe"


Um poema da antologia:

Guia para viajar pelas florestas do sentido

O que é o caminho?
anúncio de partida
escrito em folhas que o pó desenhou.

O que é a árvore?
lagoa verde cujas ondas são o vento.

O que é o vento?
alma que não quer
habitar o corpo.

O que é a morte?
carro que leva
do útero da mulher
ao útero da terra.

O que é a lágrima?
guerra perdida pelo corpo.

O que é o desespero?
descrição da vida na língua da morte.

O que é o horizonte?
espaço que se move sem parar.

O que é a coincidência?
fruto na árvore do vento
caindo entre as mãos
sem se saber.

O que é o não sentido?
doença que mais se propaga.

O que é a memória?
casa habitada só
por coisas ausentes.

O que é a poesia?
navios que navegam, sem portos.

O que é a metáfora?
asa aliviando
no peito das palavras.

O que é o fracasso?
musgo boiando no lago da vida.

O que é a surpresa?
pássaro
que escapou da gaiola da realidade.

O que é a história?
cego a tocar tambor.

O que é a sorte?
dado
na mão do tempo.

O que é a linha reta?
soma de linhas tortas
invisíveis.

O que é o umbigo?
meio caminho
entre
dois paraísos.

O que é o tempo?
veste que usamos
sem poder tirar.

O que é a melancolia?
anoitecer
no espaço do corpo.

O que é o sentido?
início do não sentido
e seu fim.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

nota do tradutor

Sobre

(n.t.) | www.notadotradutor.com | Arte Música Literatura Tradução
Descrição da empresa
(n.t.) Revista Literária em Tradução
Arte, Música, Literatura
ISSN: 2177-5141
Descrição
A (n.t.) é uma revista virtual de periodicidade semestral destinada à publicação de textos literários traduzidos curtos, em formato de seleções, para o português. A atenção da revista se volta especialmente àquelas línguas e autores que ainda têm pouca visibilidade no sistema literário de traduções no país. O download da revista e do suplemento de arte é gratuito.

Indexada no Latindex e Sumários.org, sob licença Creative Commons.

[Equipe editorial]
Edição e coordenação geral: Gleiton Lentz
Coedição e consultoria linguística: Roger Sulis
Ilustração e curadoria artística: Aline Daka
Assistência e consultoria linguística: Fedra Rodríguez
Ilustração de vinhetas Facebook: Bruno Stracquadanio


Números anteriores: ver AQUI



 

sábado, 14 de julho de 2012

Paulo Henriques Britto


Envoi


O tempo, que a tudo distorce,
às vezes alisa, conserta,
e a golpes cegos acerta:

em seu tosco código Morse
de instantes sem rumo e roteiro
então dá forma a algo de inteiro.

Não um verso, que em folha esquiva
a gente retoca e remenda
até ser coisa que se entenda,

mas algo que na carne viva
se esboça, se traça, se inscreve
bem mais a fundo, ainda que breve -

pois todo poema é murmúrio
frente ao amor e sua fúria.


do livro Formas do Nada, de Paulo Henriques Britto

ler na cama


"E qual a posição ideal para ler na cama? De barriga para cima, o mundo parece perfeito até que seus braços e ombros começam a sentir o peso da gravidade. Então você vira de lado, suponhamos, o esquerdo, e prossegue sua leitura da página 77, julgando assim ter encontrado um estado de coisas assaz satisfatório. A página 78, contudo, traz uma inverossímil reviravolta na trama e uma dificuldade: ela se localiza na parte inicial do grosso livro, que você mal começou. Como equilibrar a página 78 aberta quando se está deitado sobre o flanco corporal esquerdo, sendo esta uma folha par e o lado direito do livro, essencialmente ímpar?" (...)

Leia mais no Blog da Companhia

por que tradutor?

Marcelo Brandão Cipolla, coordenador das traduções de inglês da editora Martins Fontes, é tradutor há 21 anos. Gentilmente, ele aceitou o convite para ser entrevistado para o blogue Ao Principiante. Leia na seção Entrevista, através do link abaixo. A conversa, em quatro etapas, aborda a área editorial e muitos outros assuntos pertinentes para a profissão, como tecnologia, especialização, pesquisa e mais. Vale a pena acompanhar!



"quem construiu Tebas foram seus operários"

[Mesa sobre tradução da programação Off-Flip (Feira Literária Internacional de Paraty)]

“Quando eu traduzi Os Sertões, tive que comer muita carne de bode e tomar umbuzada para traduzir exatamente as sensações para o alemão.”

Repetiu também palavras de Saramago: “as literaturas nacionais são escritas pelos escritores, mas a literatura, em si, o que a torna mundial, é escrita pelos tradutores”.

“Fico triste quando vejo mesas importantes que citam os livros dos escritores estrangeiros sem fazer qualquer menção aos seus tradutores brasileiros. Quem construiu Tebas foram seus operários.”

Berthold Zilly (professor da Universidade Livre de Berlim).

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Venda de livros online: The Book Depository

 

THE BOOK DEPOSITORY

A livraria virtual britânica The Book Depository despacha livros para o mundo inteiro sem despesas de postagem e montou uma página em que mostra, com um delay de minutos, os títulos encomendados no site e a origem dos compradores.

Veja aqui: http://www.bookdepository.co.uk/live

sexta-feira, 29 de junho de 2012

librería al aire libre

«Esta librería al aire libre fue nombrada Bookyard y la construyó el artista italiano Massimo Bartolini para el festival de arte TRACK: A Contemporary City Conversation en la ciudad de Ghent, Bélgica. Los visitantes eran invitados a leer los libros que se encontraban en los estantes y a llevarse cualquiera que les gustara a cambio de una pequeña donación. Ojalá que vacíen la librería antes de que comiencen las lluvias.»

Através de DFACTO

el poder de los libros

Através de Cultura Ciudad de México no Facebook

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ad Libitum – apresentação


Dia 5 de julho, apresentação de AD LIBITUM, de Urbano Oliveira, 
numa edição Musipalco e Livro de Autor.

Palácio Foz, Restauradores, às 18h

«Este livro foi escrito assim: a bel-prazer.(...) Os assuntos soltos que se seguem, com doses quanto baste de optimismo possível e de algum humor, são abordagens breves e simples à música e à musicalidade da vida. Como se fosse convosco em viagem, a conversar informalmente sobre as minhas experiências e memórias.» (do Preâmbulo)

«Urbano Oliveira é um músico experiente, talentoso e com largo conhecimento do mundo. Enriqueceu, ao longo dos anos, a sua experiência musical com a reflexão sobre os mistérios, virtudes e potencialidades da linguagem musical, e isso está bem patente neste livro que é também um exercício de vida e de memória.» (José Jorge Letria, na contracapa)

O lucro da venda desta edição reverte a favor da Instituição Particular de Solidariedade (IPSS) "Refúgio Aboim Ascensão", fundada em 1933, em Faro.


Hoje: lançamento da LITRO



 
Lançamento da edição da revista literária britânica LITRO com textos de autores brasileiros.
Quarta-feira, 27 de junho, 18h30, Fundação Biblioteca Nacional (Rua México s/n)
Debate com:
Amy Webster, da London Book Fair
Sophie Lewis, editora
João Paulo Cuenca, escritor
Sérgio Rodrigues, escritor e jornalista

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Como funciona a ficção - James Wood




James Wood é publicado pela primeira vez no Brasil pela Cosac Naify. Notabilizado por seus ensaios na revista The New Yorker e professor de crítica literária na Universidade de Harvard, Wood aborda, numa prosa inteligente e aguçada, os mecanismos, procedimentos e efeitos da construção narrativa. A representação do real na literatura é o eixo central da análise de Wood, que questiona os limites entre artifício e verossimilhança na ficção. Em dez capítulos, elementos fundamentais do texto ficcional são discutidos pelo autor: o personagem, o foco narrativo, o estilo.

A partir de vasto e diversificado repertório literário – de Henry James a Flaubert, de Tchekhov e Nabokov a Beatrix Potter e John le Carré –, este livro “perspicaz e cheio de achados”, nas palavras de Milton Hatoum, traz análises reveladoras e acessíveis mesmo àqueles que desconhecem os rudimentos da crítica literária. Referência fundamental para escritores em formação, professores de literatura, e todos que se interessem pelo mundo das letras.



VEJA MAIS no site da COSAC NAIFY

quinta-feira, 14 de junho de 2012

James Joyce

James Joyce (Dublin, 2 Fev. 1882 - Zurique, 13 Jan. 1941)

download gratuito de Ulysses: AQUI 

«Um homem sai de casa pela manhã, cumpre com as tarefas do dia e, pela noite, retorna ao lar. Foi em torno desse esqueleto enganosamente simples, quase banal, que James Joyce elaborou o que veio a ser o grande romance do século XX.
Inspirado na Odisseia de Homero, Ulysses é ambientado em Dublin, e narra as aventuras de Leopold Bloom e seu amigo Stephen Dedalus ao longo do dia 16 de junho de 1904. Tal como o Ulisses homérico, Bloom precisa superar numerosos obstáculos e tentações até retornar ao apartamento na rua Eccles, onde sua mulher, Molly, o espera. Para criar esse personagem rico e vibrante, Joyce misturou numerosos estilos e referências culturais, num caleidoscópio de vozes que tem desafiado gerações de leitores e estudiosos ao redor do mundo.» (cont. no site da Companhia das Letras)

Sobre a nova edição de ULYSSES pela Companhia das Letras:



A propósito, ainda, de Joyce e de Ulysses, ler o texto de Alexandra Lucas Coelho publicado no seu blogue Atlântico Sul: Ulysses no Rio (ou o dia seguinte)

cuidado com os anglicismos

Do blogue do Sérgio Rodrigues na Veja online:

«Prezado Sérgio, gostaria de saber se procede a lenda de que o termo "mala direta" advém da tradução tosca da expressão em inglês "direct mail". Tremo só de pensar!» (consulta de um leitor)
Caro Fernando, espero que a tremedeira passe logo, mas não se trata de lenda: é mesmo de uma tradução desajeitada do inglês que vem a expressão “mala direta”. De onde mais seria? Quase todo o léxico da publicidade e do marketing que foi sendo acrescentado ao nosso vocabulário ao longo do século 20 tem matriz anglófona, mais precisamente americana – como, aliás, essas próprias atividades. A tecnologia (quase escrevi know-how) vai na frente, as palavras seguem.
Sim, também acho levemente embaraçoso que “mala direta” – que o Houaiss define como “comunicação seletiva de uma empresa com os clientes habituais ou potenciais de seus produtos ou serviços, feita por meio de remessa postal de impressos (folhetos, cartas-circulares, catálogos etc.)” – seja um exemplo de tradução preguiçosa do inglês. Numa versão mais cuidadosa, direct mail deveria ter virado “correio direto” ou “correspondência direta”, não “mala direta”.
Por que não virou? ....... Ler todo o artigo AQUI

quarta-feira, 13 de junho de 2012

as dicas de Jack Kerouac para escritores

Belief & Technique
For Modern Prose
by Jack Kerouac

List of Essentials

  1. Scribbled secret notebooks, and wild typewritten pages, for yr own joy
  2. Submissive to everything, open, listening
  3. Try never get drunk outside yr own house
  4. Be in love with yr life
  5. Something that you feel will find its own form
  6. Be crazy dumbsaint of the mind
  7. Blow as deep as you want to blow
  8. Write what you want bottomless from bottom of the mind
  9. The unspeakable visions of the individual
  10. No time for poetry but exactly what is
  11. Visionary tics shivering in the chest
  12. In tranced fixation dreaming upon object before you
  13. Remove literary, grammatical and syntactical inhibition
  14. Like Proust be an old teahead of time
  15. Telling the true story of the world in interior monolog
  16. The jewel center of interest is the eye within the eye
  17. Write in recollection and amazement for yourself
  18. Work from pithy middle eye out, swimming in language sea
  19. Accept loss forever
  20. Believe in the holy contour of life
  21. Struggle to sketch the flow that already exists intact in mind
  22. Dont think of words when you stop but to see picture better
  23. Keep track of every day the date emblazoned in yr morning
  24. No fear or shame in the dignity of yr experience, language & knowledge
  25. Write for the world to read and see yr exact pictures of it
  26. Bookmovie is the movie in words, the visual American form
  27. In praise of Character in the Bleak inhuman Loneliness
  28. Composing wild, undisciplined, pure, coming in from under, crazier the better
  29. You're a Genius all the time
  30. Writer-Director of Earthly movies Sponsored & Angeled in Heaven
Tirei DAQUI 
depois de ler ESTE ARTIGO

segunda-feira, 11 de junho de 2012

impressão à antiga



Anna Dantes e Carlito Azevedo criaram o selo Pipa Livros, da Dantes Editora, dedicado a obras pequenas (nas dimensões e na tiragem) totalmente confeccionadas em gráficas da zona portuária. O título de estreia, a novela “Haikus”, do argentino César Aira, teve seus 400 exemplares de pouco menos de 50 páginas impressos na tradicional Gráfica Marly, instalada há mais de seis décadas num sobrado ao pé do Morro da Conceição. A capa foi feita em serigrafia na Alternativa, na Rua do Livramento. Os fotolitos vieram da Sol & Ação, na Rua Leandro Martins. E a costura ficou a cargo da PRJ, um dos vários estabelecimentos que fazem a pequena Rua do Propósito, na Gamboa, ser conhecida no meio como “Shopping das Gráficas”. O livro e o selo serão lançados na sexta-feira, dia 15, às 19h, na Gráfica Marly (Ladeira Felipe Neri 11).


Através do Globo online: http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2012/06/09/livros-moda-antiga-449553.asp

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Os Buddenbrook


Terminei ontem de ler o livro de Thomas Mann, Os Buddenbrook. Com pena de ter chegado ao ansiado fim. Pena porque esse sentimento sempre me ocorre quando estou a terminar uma leitura de que gostei e que já fazia parte dos meus dias. Ansiado fim porque desejava concluir, afinal, o ciclo deste livro e pensar sobre ele. E há muito que pensar, pois trata de questões sempre atuais, naquele tempo ou neste que vivemos.

O interesse particular por este livro e por outros que virão em breve está na sequência de um estudo sobre o século XX - mais exactamente fim do XIX, início do XX até aos anos que se seguem à II Grande Guerra. Relacionar Literatura e História é o que mais me interessa no momento.

Devo dizer que no primeiro terço do livro fui quase displicente na leitura, porque a mim tudo me soava essencialmente descritivo – embora as descrições de T.M. nunca sejam inocentes, e eu sabia disso.  Mesmo assim, só a partir de certa altura é que comecei a perceber: havia ali pelo menos duas ou três entre as principais personagens que eram na verdade muito mais que elas mesmas e que estavam destinadas a uma crescente complexidade enquanto representantes de um mundo que com elas também terminava. Novos tempos estavam a abrir caminho porque precisavam vir.

(E mais uma vez constato: como me faltam conhecimentos de História! E como são essenciais para se perceber qualquer coisa.)

«Que razões poderão levar um leitor do século XXI a interessar-se por Os Buddenbrook, cento e dez anos decorridos sobre a data da sua primeira publicação?» - lê-se no Posfácio da edição portuguesa. Esta é uma pergunta que fica inteiramente respondida quando viramos a última página do livro, quando acabamos de acompanhar o desmoronamento de Thomas Buddenbrook e de um mundo que já não tem como se sustentar. Quando, perplexos, assistimos ao fim dos gestos vazios, repetitivos, obsessivos e inúteis «que traduzem o empobrecimento de uma vida interior, sacrificada às mãos da prosperidade e dos sucesso mercantil». Thomas, que ao longo da história é forçado a se defrontar consigo mesmo através do irmão, Christian, e depois do filho, Hanno, é o representante da terceira geração de uma família bem estabelecida na cidade de Lübeck, no Norte da Alemanha. Nele «começam a insinuar-se os primeiros movimentos pendulares de uma tensão muito cara ao autor: a oscilação contrapontística entre a realidade burguesa, pragmática e implacável, e a vida, mais profunda, do espírito».

Uma palavra à excelente tradução de Gilda Lopes Encarnação, tradutora premiada, que nos faz degustar cada frase.

Edição da Dom Quixote
em Abril de 2011
638 páginas


«Thomas (sentado) e o irmão Heinrich Mann numa fotografia tirada por volta de 1900. Nesta altura Heinrich tinha já publicado pelo menos dois livros, enquanto Os Buddenbrook de Thomas estava prestes a sair.

Thomas Mann ganhou repercussão internacional, aos 26 anos, com Os Buddenbrook, sua primeira obra. Fortemente inspirado na história de sua própria família, o romance foi lido com especial interesse pelos leitores de Lübeck que descobriram ali muitos traços de personalidades conhecidas. A publicação deste livro valeu a Thomas Mann uma reprimenda de um tio, que o acusou de ser um "pássaro que emporcalhou o próprio ninho". » (Wikipédia)

Prémio Nobel de Literatura de 1929.




LinkWithin

Related Posts with Thumbnails